Depois de muita espera e muita ansiedade, chegamos em um momento quase único para os fãs da Trilogia Jogos Vorazes: a estreia de Em Chamas. Considerado pela maioria dos Tributos como o melhor livro da franquia, o filme tem um gostinho a mais para os brasileiros: o primeiro lugar do mundo a lançar o filme é aqui! Com tantas coisas especiais, a nossa crítica não poderia ser qualquer uma. Por isso, ela está dividida em DUAS! A primeira é para aqueles que são fãs do primeiro filme e não sabem nada do segundo. Portanto, esta será TOTALMENTE sem Spoiler e focará nos aspectos do filme sem levar em consideração o livro. Já a segunda parte, será inteiramente uma análise sobre a adaptação e, por isso, com MUITO SPOILER. CLIQUE EM LEIA MAIS..
Um tordo alçando vôos maiores – Crítica SEM SPOILER
Após o sucesso do primeiro filme da série Jogos Vorazes, era quase física a expectativa sobre o segundo filme,Em Chamas. Tanto os fãs da série literária quanto os novos aficionados com o primeiro filme passaram meses ansiosos e, após assistir ao filme, podemos afirmar que tudo valeu a pena.
O espetáculo do primeiro filme se repete agora, mas imensamente maior. Com maior liberdade e mais dinheiro disponível, o diretor Francis Lawrence fez tudo que todos os tipos de fãs queriam.
O visual
Já belo no primeiro filme, agora vemos um visual muito mais completo. As cores da Capital se mostram ainda mais gritantes do que no primeiro filme, os figurinos estão ainda mais extravagantes e belos. É impossível não se assustar com a qualidade da cena das roupas em chamas ou do vestido que Katniss (Jennifer Lawrence) utiliza durante sua entrevista.
Também é notável a melhora nos efeitos especiais. Enquanto os bestantes apresentados no primeiro filme eram bons, estes estão ótimos, beirando a realidade, te fazendo afundar cada vez mais no universo do filme. Os efeitos estão extremamente dignos e realistas, com especial cuidado com todas as ameaças presentes na nova Arena. Tudo no filme é maior e mais real.
Outro elemento belíssimo no primeiro filme e que se repete aqui, vem da direção, os cortes e planos feitos. A câmera novamente se mostra como uma ferramenta belamente utilizada, contribuindo para nos afogarmos no universo e nos perigos dos jogos. Cenas na água são ótimas, as corridas tremidas ainda estão ali, os cortes rápidos e ofegantes em perseguições e situações perigosas se repetem.
A fidelidade
O roteiro mais uma vez surpreende por sua fidelidade nos momentos perfeitos e mudanças extremamente calculadas. São raríssimos os momentos em que você acha algo forçado ou leviano, todo o resto foi calculado. Os momentos importantes do livro estão presentes, os momentos interessantes do livro estão presentes e até momentos que servem muito mais como um fanservice para nós estão presentes. Raros serão os momentos que algum fã dos livros terá do que reclamar (uma leve reclamação, não deve passar disso).
Outro ponto já alto no primeiro filme foram as atuações e elenco. O trio principal, Haymitch (Woody Harrelson), Peeta (Josh Hutcherson) e Katniss (Jennifer Lawrence) continuam incríveis no papel, evoluindo ainda mais desde o primeiro filme (especialmente Lawrence, a evolução em sua atuação é clara, ainda mais na cena final do filme). E, para nossa felicidade, outros atores saltam aos nossos olhos, como Sam Clafin, o importante Finnick Odair, fazendo justiça à importância do personagem, Jena Malone está ótima como Johanna Mason, roubando a cena diversas vezes (seja de forma cômica ou sensual) e, novamente sensacional, Stanley Tucci, como o excêntrico apresentador Caesar Flickerman.
O saldo final é um filme extremamente bem feito, respeitando a todos que o assistirem. Ao fugir da moda da filmagem em 3D, o diretor foi mais feliz ainda, focando no que realmente importa e não há fãs que não gostem do resultado.
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O significado da palavra “FIEL” – Crítica com MUITO SPOILER
Não posso começar essa crítica sem escrever que ISSO SIM É UMA ADAPTAÇÃO! Sério, esqueça todas as adaptações de livros infanto-juvenis já lançadas. Essa supera- e muito – qualquer uma! Chega ser emocionante como todos os envolvidos nele trabalharam para fazer desse um filme memorável para qualquer um que leu o livro. Na grande maioria das vezes, eu achei que estivesse relendo o livro e em muitas outras eles melhoraram o que parecia ser impossível melhorar. Ou seja, se você amou o livro e ainda não viu o filme, CORRA! Mas antes, acabe de ler minha crítica, viu? rs.
Eu gostaria de fazer um TOP 10 das melhores coisas do filme, mas não tem como, eu seria injusto com muitas cenas e momentos, logo vou comentando por tópicos, tudo o que eu realmente gostei no filme (ou seja, quase o filme todo, rs). Fiquem com a minha “pequena” lista:
- A conversa com o Presidente Snow foi excelente, no mínimo. Várias informações que no livro eram conclusões de Katniss, ficaram evidenciadas. Teve o clima certo, o tempo certo. Donald Sutherland está completamente impecável no papel. Ele passa toda a astúcia, falsa bondade e medo que seu personagem pede. Para a nossa alegria, foram adicionadas várias cenas do Presidente Snow com ou sem Plutarch (Philip Seymour Hoffman). Nelas podemos ver Plutarch domando o presidente direitinho. E achei essas cenas adicionais a grande sacada do roteiro. Assim, o Presidente Snow consegue ser visto como um vilão por seus atos e não apenas pelos pensamentos de Katniss. Palmas para a adaptação! Outro ponto adicionado pelos roteiristas que ficou ótimo se mostra na neta de Snow. Ela foi criada para ser um lembrete da revolução. A garotinha, que deve estar em seus 9 ou 10 anos, usa a trança de Katniss, discursa como quer ser igual a ela, ter um amor como o dela. É a Capital sendo afetada até no coração da ditadura.
- A cena em que Peeta e Katniss fazem um discurso no Distrito 11 é incrível. Nela ficou mais evidenciado que o filme ficou mais pesado do que o primeiro. A atuação de Jennifer, em especial nessa cena, adiantou que ela daria um show de interpretação e isso foi pouco para o que ela fez. Por mais que tenha tido algumas alterações básicas, o que não afetou em nada a cena, ver Gale sendo chicoteado em praça pública foi visceral. Dava para sentir a dor em cada golpe desferido contra ele.
- Vale ressaltar que, finalmente, parece que um roteirista LEU o livro! Sério, há várias falas do livro que estão presentes no diálogo, fazendo os fãs enlouquecerem ainda mais. Assim como eu, o público conseguia adivinhar as falas que viriam em seguida. Pra quem é fã de livros e adaptações, sabe que a cena pode ser visualmente diferente do esperado, mas basta colocar as falas iguais que tá tudo certo.
Antes de continuar falando sobre as cenas, tenho que falar sobre a adaptação de alguns personagens, então lá vai:
Katniss: Sério, ela não está em chamas, ela já explodiu faz tempo. Jennifer Lawrence conseguiu imprimir aquele jeitão introspectivo da personagem sem deixar de fora sua sinceridade com altas caras e bocas que mostravam claramente o que se passava por sua cabeça. PALMAS!
Effie: Ela está incrivelmente melhor nesse filme. Na boa atuação de Elizabeth Banks, conseguiu mais destaque e seu sotaque afetado da Capital (pra quem viu legendado) é genuíno. Ganhou completamente a cena em que ela sorteia os tributos do distrito 12. E sim, ela entrega uma pulseira dourada pro Haymitch e um medalhão para o Peeta.
Haymitch: Entre uma bebida e outra e mais outra ele conseguia arrancar boas risadas, aliviando os momentos de tensão. Mesmo não aparecendo muito, ele conseguiu mostrar para que veio.
Cinna: O que dizer? A cada segundo em que ele esteve presente na tela se ouviam os suspiros do público. Acho que teve 4 cenas ao todo e é claro que ele foi impecável no momento da morte de seu personagem. Foi realmente emocionante.
Finnick: Sinceramente, visualmente falando, eu achei que ele seria um bom Finnick. Porém, tinha minhas desconfianças quanto sua atuação, já que não me lembro de tê-lo visto antes. Ainda bem que fui surpreendido positivamente. Eu consegui ver o Finnick inteiro ali, foi realmente um show a parte. Destaque: “Sugar cube?”.
Mags: Por mais que eu não tenha entendido porque ela não falava nada, Lynn Cohen desempenhou o papel bem: fez todo mundo amá-la para depois correr heroicamente para a névoa.
Johanna: Agora para tudo. Se acha que a Johanna é foda no livro, você vai perceber que a sua concepção de foda estava errada. Jena Malone foi um verdadeiro acontecimento no filme todo. Era impossível olhar para outro lugar, senão para ela. Com certeza, uma das melhores atuações do filme. Roubou a cena na hora de ficar nua na frente de Peeta e Katniss, e mais ainda quando resolvia xingar a tudo e todos para as câmeras.
Caesar: Por mais que não tenha muito o que falar dele, preciso dizer que, cara, este sim é um ator! Completamente a vontade em cena. Não estava atuando, ele é Caesar! Suas caras e bocas contribuem e muito na caracterização e idealização que temos das pessoas da Capital.
Beetee e Wiress: A dupla também foi muito bem feita. Enquanto Beetee (Jeffrey Wright) ficou muito bem, como no livro, tendo seu destaque nos momentos certos, Wiress roubou a cena em alguns momentos. A atrizAmanda Plummer fez um ótimo trabalho nos momentos em que a personagem estava em choque, com destaque para o momento de canto.
- Bem, voltando a falar das cenas que mais me deixaram sem ar, uma é bem especial: a entrada triunfal de Katniss e Peeta pegando fogo! Foi muito empolgante e o efeito ficou bárbaro. Junto a isso, mais dois momentos que chamaram atenção: a sala de treinamentos e na apresentação individual. Na primeira, foi perfeitamente abordado como Katniss sabe usar um arco e flecha (como se alguém não soubesse). O que se sobressaiu nessa parte foi uma área de treinamento muito mais tecnológica e moderna. Na segunda, temos Rue pintada no chão, enquanto Everdeen enforca Seneca Crane. No livro ela não chega a ver a pintura, mas fizeram a mudança no filme para que visse, e aquilo foi belíssimo. Sem comentários. Não poderia deixar passar também, Johanna soltando a língua, xingando a Capital e Katniss virando tordo enquanto todos os tributos ficaram de mãos dadas. Tudo foi perfeito, sem tirar nem por. A morte de Cinna, como já falei acima, foi brutal e levou muitos às lagrimas.
- E então chegamos no mais aguardado momento: a arena! Tudo não foi perfeito, foi muito mais que perfeito nessa parte que teve mais ou menos uma hora de duração. Pra quem está ansioso em saber, teve tudo! Teve o raio, a névoa, os macacos, a onda, a chuva de sangue, a arena girando e os gaios tagarelas! E teve TIQUE TOQUE! Não tenho como explicar essas partes com palavras, é preciso ver! Apenas digo que é muito fiel. As mortes continuam sempre sendo rápidas para que a classificação não suba tanto, porém, na cena em que Johanna bate em Katniss para ela se fingir de morta, aparece muito sangue. O filme ganhou muito mais maturidade do que seu antecessor.
- O ponto alto, claro, foi Everdeen atirando a flecha com a corda em que passaria a corrente e assim, acabando com o campo de força da capital. Essa cena foi muito mais do que esperei e sonhei em ver. É, com certeza, a minha preferida. O filme acaba com seu final certinho e com várias falas copiadas do livro que fizeram todos enlouquecerem. Jennifer fecha com chave de ouro na cena final em que o close de seu rosto mostra a tristeza virando ódio. Novamente, eles fizeram algumas mudanças em relação ao livro, deixando a Katniss novamente como uma revoltosa contra a Capital. Ela não precisa se tornar o Tordo, ela já É o Tordo. Fica claríssimo no final do filme.
Porém, como nem tudo são flores e fã é uma raça ruim, tenho que ressaltar aqui algumas coisas que fizeram falta para mim:
- O relógio de Plutarch não existiu. Isso pra mim fez falta e diferença, porque a Katniss simplesmente adivinhou que a Arena era um relógio apenas pelo Tique Toque. Demoraria nem um minuto para colocar a cena no ar e amarrar essa parte.
- As notas do treinamento individual não foram mostradas, nem apareceram. Não fez diferença alguma, mas perdemos uma oportunidade de ver Caesar.
- Katniss e Peeta não veem os vídeos dos outros competidores e muito menos do Haymitch. De novo, não fez diferença alguma, mas EU QUERIA VER O HAYMITCH VENCENDO FODASTICAMENTE O SEGUNDO MASSACRE QUATERNÁRIO!
- Nem Madge, nem o casal Avox, nem as fugitivas do distrito 8. Eu, sinceramente, não senti falta, mas enfim, história cortada. Essas cenas trariam uma dramaticidade interessante para o filme.
Será então que preciso dizer alguma coisa? Acho que não. Se alguém falar mal dessa adaptação brilhante, por favor, desconsiderem. Esse é aquele típico filme pra se ver até não sair em cartaz no cinema. Fica claro, depois desse blockbuster, que a desculpa “são muitas páginas, é impossível adaptar direito” não cola. O que há é preguiça de fazer algo fiel ou querer mudar a história para poder vender melhor. Esse é o exemplo de que uma história que já é boa e que vende milhões em livros, não precisa ser alterada. Em time que está ganhando não se mexe e essa é a maior virtude de quem trabalhou para fazer Em Chamas.
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Fazer adaptações de livros não é fácil. Se perder no caminho e cair num abismo é fácil, basta ver adaptações como as de As Crônicas de Nárnia ou Percy Jackson. Os livros sempre acabam sendo melhores. Mas, aqui tivemos uma belíssima surpresa. A série que já começou muito bem, evoluiu ainda mais nesse segundo filme, respeitando os fãs acima de tudo. Com mudanças bem calculadas, trazendo o que os fãs querem ver dos livros, a série tem tudo para se tornar um marco. E, para fechar, é ótimo ver como o filme se tornou adulto. Apesar de ser infanto-juvenil, o livro tem por trás das páginas uma mensagem maior, uma mensagem adulta, uma mensagem complexa e extremamente importante nos dias de hoje, que deve ser passada para os jovens. Ele não nos trata como crianças, ele nos trata como seres inteligentes e com carga para aguentar o que ele passa, algo que vemos cada vez menos nos dias de hoje, com filmes sendo cada vez mais didáticos.
Em Chamas é um filme que merece ser visto por todos. Seja porque gosta do livro, ou porque gosta de ação e tensão, ou porque gosta de futuros distópicos, prometo que ele não lhe deixará na mão em nenhum momento.
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